Redação
São Paulo, 28/11/2024
6 minutos.
Todos os contrastes, harmonias e (im)perfeições na construção e localização do moderno espírito brasileiro, um complexo ser-estar movendo-se ao ritmo da colônia que se desdobra sob o Sol, acuada e aguçada pelo gigantesco jogo de interesses da humanidade, de fora e daqui, atuantes e presentes.
Aqui eles são como Bach, Beethoven, Brhams em importância.
Heitor Villa Lobos – Radamés Gnatalli – Guerra Peixe

Estes três compositores e arranjadores são básicos na confluência e nos desdobramentos criativos da nossa etnomusicologia (clique). Uma busca por representar sem encapsular (porque não se consegue) nosso eterno vir a ser, da monotonia da repetição histórica ligada ao útero eurocêntrico do Ocidente e, às inovações impostas pelo poder resultante das contradições e exercícios de forças entre capitalismo x socialismo – capital x trabalho – éticas, religiões, política…
Conhecido na Europa
Heitor Villa-Lobos nasceu no Rio de Janeiro, no dia 5 de março de 1887. A crítica especializada e os amantes da música clássica brasileira o consideram como o maior compositor, maestro, violoncelista, pianista e violonista brasileiro. Villa Lobos é descrito como “a mais criativa figura do Século XX na música clássica brasileira“, cuja criatividade e importância o levou a se tornar o compositor sul-americano mais conhecido de todos os tempos, em países como EUA e no continente europeu.
Tanto que O “Dia Nacional da Música Clássica” é comemorado, não por acaso, no dia de seu aniversário de nascimento. Teve o nome inscrito no Livro de Aço dos heróis nacionais, depositado no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves no ano de 2011.
Genialidade e conhecimentos e reconhecimento
Com enorme capacidade de criar e estudar os ritmos e harmonias brasileiras, escreveu inúmeras obras orquestrais, de câmara, instrumentais e vocais, e chegou ao impressionante total demais de 2 mil obras até sua morte, em 1959. As influências no sua composição musical foram a música folclórica brasileira e por, naturalmente, elementos estilísticos da tradição clássica europeia.
Tal capacidade criativa demonstrou, entre outras coisas, uma possível necessidade de se firmar entre os mais expoentes músicos do mundo, elevando assim, o Brasil a um patamar de produção cultural de importância.
Ele se destacou pela sensibilidade e descoberta de uma linguagem musical brasileira bastante peculiar. Com isso, tornou-se o maior expoente da música do modernismo no Brasil. Suas composições incluem belas obras com efeitos da diversidade cultural e regional brasileira. Muitas delas contém traduções e “enxertos” de elementos
das canções populares e indígenas de sua época e que perduram até hoje, principalmente entre os estudiosos.
Clássicos de alcance mundial
São exemplos marcantes de sua capacidade criativa as Bachiannas Brasileiras, os “Etudes para violão“, datados de 1929 e dedicados ao grande violonista e compositor espanhol Andrés Segovia. Também os 5 Prelúdios do anos de 1940, dedicados à sua segunda esposa e sua aluna, Arminda Neves d’Almeida (“Mindinha”) tornaram-se obras importantes no repertório clássico violonístico brasileiro. Graças a ela a sua exuberante produção musical foi conhecida em todo o mundo.
Faleceu no Rio de Janeiro, no dia 17 de novembro de 1959.
Clique e ouça: O trenzinho Caipira e Bachianas Brasileiras nº 5
Caminhos seguros
Radamés Gnatalli – Por falar em importância leia isso: Radamés, que nasceu em Janeiro de 1906, de família italiana de músicos no Rio Grande Sul, começou cedo. Aos seis estudava piano com sua mãe e sua tia. Sua pai era professor de música e maestro. Seu desenvolvimento foi forte e constante, dominando o piano ao se formar em 1924, e em seguida o cavaquinho e o violão o tornaram conhecido. Desde jovem tocou em orquestras de baile, de carnaval, teatros, cinemas, rádios. Sempre estudando e pesquisando a Música brasileira e seus ritmos.
Em 1929 foi tocar no Rio de Janeiro e logo foi ‘descoberto’ por Mário de Andrade que o convidou para umas apresentações em São Paulo. Dali foi um pulo para se tornar maestro arranjador-compositor para a recente Rádio Nacional. A convite do presidente Getúlio Vargas, dedicou-se à beleza e excentricidade da música brasileira. Uma fase nacionalista que aos poucos foi se deixando traduzir pelas inspirações pessoais do músico, que também gostava de jazz.
Adulto formado, criativo e estudioso fez parte e foi autor de diversos arranjos orquestrais. Também de gravações célebres com o conhecido cantor Orlando Silva na imortal música Carinhoso, composição de Pixinguinha e João de Barro. Além disso, participou como maestro e arranjador da famosa gravação original de Aquarela do Brasil, uma composição de Ary Barroso. A outra inesquecível Copacabana de João de Barro e Alberto Ribeiro cantada pelo crooner Dick Farney e também por Gilberto Gil entre outros. Enfim, conviveu com vários grandes e imortais da música brasileira.
Produção multidirecional
Nos anos de 1950 trabalhou nas trilhas sonoras com o cineasta Nelson Pereira dos Santos e com o sambista Zé Keti. E criou paisagens musicais em filmes importantes como Rio 40 Graus de 1955 e Rio Zona Norte do ano de 1957. Tocou no Teatro Municipal de São Paulo, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, fez várias excursões pelo país e foras dele. Em seguida, entrou para a televisão como maestro arranjador, ganhou um Prêmio Shell de Música Erudita, teve suas músicas gravadas por diversos intérpretes, e inúmeras homenagens.
Faleceu em fevereiro de 1988, no Rio de Janeiro.
Clique e ouça: Centenário de Radamés Ganatlli – Orquestra Petrobrás Sinfônica – Regência de Isaac Karabtchevsky e Concerto Carioca n.2 (1964)
Cesar Guerra Peixe:
Nasceu em Petrópolis, RJ, Março de 1914. Compositor e estudioso da MPB, começou bem cedo. Aos 6 anos já estudava violão, com o seu pai, um português que trabalhava como “ferrador de cavalos”. Talentoso e criativo, ganhou prêmios ainda na infância e, passou a dominar outros instrumentos, bandolin, violino e piano. Em seguida começou uma carreira, tocando em cinema (acompanhando filmes mudos ao violino), tornou-se professor e também músico de orquestras de salão, bares e tabernas. Formou trios e grupos de estudos em musica popular brasileira, e a partir dos 1943 iniciou um curso de Composição no Conservatório Brasileiro de Música no Rio de Janeiro.
Depois de estudar com Hans-Joachim Koellreutter, enveredou pelo sistema analítico da dodecafônia e abandonou a temática brasileira. A partir daí passou um tempo a se dedicar a composições de antiestética brasileira. Entretanto, em seguida, encerrada esta fase, voltou-se para a riqueza da música brasileira, folclórica, popular e decidiu mergulhar numa extensa pesquisa do rico folclore nordestino.
“…Durante 3 anos me meti nos xangôs, maracatus, viajei para o interior, recolhi músicas de rezas para defunto, da banda de pífanos…
Neste período trabalhou na Rádio Jornal do Recife. Descobriu, por exemplo, dentre seus muitos estudos de etnomusicologia que a dança do Frevo não foi trazida da África, mas teve origem espanhola e eslava.
Mergulho no Brasil
Guerra Peixe compôs trilhas para filmes, e pra lá de uma centena de músicas orquestrais-eruditas, populares, coro, instrumentais e solos. Para piano, canto, violão, de câmara, e gravou uma obra – A grande música do Brasil – dividida em 4 álbuns. Cada uma dedicada a grandes compositores brasileiros, como Tom Jobim, Chico Buarque e Luiz Gonzaga.
Seguramente, seu trabalho, como dos outros deste capítulo influenciaram e muito, vários compositores. João Gilberto – Chico Buarque – Tom Jobim – Baden Powell – Egberto Gismonti – Hermeto Pascoal – e vários outros (folclóricos, populares e comerciais…)
Faleceu em Novembro de 1993 – no Rio de Janeiro.
Clique e ouça – Mourão e Suíte Nordestina
Muito bom! A Música brasileira tem raízes muito bem fixadas e profundas, da cultura branca europeia, da influência africana e também do indígena natural da terra. A mistura destas três a torna essencialmente criativa, diversa, complexa e bela. Entretanto, é preciso e necessário educar o ouvido, bem como permitir o contato com seus elementos criadores para poder apreciar toda a sua beleza!
Obrigado Rita. Sus opiniões têm muita importância. Continue nos prestigiando! Um forte abraço.