Cultura Musical
10/04/2024 Gilberto Gil Academia de Sons e ideias

Gilberto Gil Academia de Sons e ideias

Redação

São Paulo, 10 de abril de 2024
2 Minutos.

Na ABL o baiano Gilberto Gil aportou com o recôncavo literário explicitado de suas letras, poéticas e musicais. Implícitos, os veleiros de sua verve trafegam, navegam de vento em popa, e aportam de Norte a Sul no país continente, em que contido está o conteúdo dos seus produtivos 81 anos de idade. Homenagem mais do que merecida, assim como a do índio Ailton Krenak.

Os dois são expoentes da ancestralidade recusada por muitos em um país excludente e torto na estrutura racial que o compõe e eleva. Índios e negros, naturais e imigrantes (forçados), ambos antigos moradores do planeta, tanto quanto brancos e amarelos. Alias, idade o que menos importa aqui, mas tempo de casa conta. Mais do que na hierarquia das veleidades, conta a história de cada um. O que nos trazem, batuques, deuses da mudança, colares, pingentes, rugas e cabelos brancos numa bagagem cultural que ministrou e não se pode desprezar, sob pena de perder a cor do tempo e muito da luz da visão e da vida.

Gilberto Gil Academia de Sons e ideias

Gilberto Gil é antes de tudo poeta, e por conta de sua poesia, pode filosofar com rima. Das dores que a pele negra carrega, cota de sofrimentos escoando pelo dedilhar nas cordas de sua lírica, na fluência dos acordes de seu violão, na liberdade criativa com a língua que o maltratou e lhe lambeu feridas.

Agora, na casa da literatura nacional, onde o “beletrismo” já fez moradia, a profundidade, a qualidade da ‘última flor do lácio‘ encontra-se rendida aos pés daqueles que um dia desprezou, escravizou e tratou como sem alma.

Aos que zombaram de seu peso em arrobas, da imposição a uma condição animal de carga, aos que negaram um centímetro sequer de terras para continuarem vivendo, a resposta veio.

Um arado amarado a uma estrela vincou e sulcou a terra e dali nasceu a riqueza, a beleza, a força produtiva do país. Do trabalho escravo na terra, nas construções, nas fazendas e nas ‘refazendas’. Quanta vida deu seus melhores frutos.

O tempo rei, ensina e cobra!

Quanta – Gilberto Gil – veja e ouça aqui.

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