Cultura Musical
27/01/2023 Gal Costa e Mercedez Sosa – Vários tons

Gal Costa e Mercedez Sosa – Vários tons

Este é o ‘capítulo’ de número 3 da série Cantoras e Compositoras para sempre. Mais duas grandes artistas do cenário musical nacional e internacional que nos encantaram durante tanto tempo com suas vozes e canções maravilhosas.

Gal CostaA Dona de um Timbre ( Bahia 1945 – 2022). Ela veio do movimento conhecido como Tropicália. Fim dos anos 1960, surgido lá na Bahia. Musicalmente com muita influência de um mestre – João Gilberto, que fez o violão correr solto por outras cadências, misturando ritmos de samba com dissonâncias e melodias inovadoras.
Gal Costa se juntou a dupla Caetano Veloso e Maria Bethânia, e em seguida Gilberto Gil. Os 4 se tornaram o quarteto mais famoso da vereda musical da era tropicalista – Doces Bárbaros – evocando poesia, literatura, com música e religiões de cunho popular afrobrasileiras, leitura social e crítica ao sistema militar então vigente no país. Eram os anos de chumbo da ditadura militar, dos generais, coronéis e majores.

Gal Costa, mais 5 décadas de carreira. (Img Web)

Juntos os músicos, de certa forma, também se opunham ao “main stream” da época, a Jovem Guarda – que guardava valores conservadores, religiosos, brancos e burgueses defendidos pela ideologia das elites e classe média, ambas ligada aos militares, como aqueles portugueses salazaristas da Europa fascista.

Gal logo se enturmou porque tinha um timbre vocal muito agudo, alcançava notas bem altas, e de certa forma, agradava a tendência instrumental da época, no início da curtição das guitarras elétricas, Beatles, Rolling Stones.

Suas interpretações deixaram de lado as referências europeias, como as cantantes italianas e os estilos românticos mais açucarados que ainda predominavam no Brasil.

A voz aguda e a afinação, penetrante também cantou o amor, mas as letras das canções tinham um atrevimento poético que incomodava certos padrões. Assim como no filme Último Tango em Paris, as referências à margarina na canção Baby de autoria de Caetano Veloso, além da Coca-Cola, ícone industrial da contracultura pop norte-americana, cantado por John Lennon em Come Together, despertaram comentários e (des)entendimentos. Mas, a ideia era esta mesma. Atitude adequada a uma tigresa de unhas negras e íris cor de mel (será?)

Gal, ela mesma um marco na MPB, por suas interpretações e voz marcante manteve-se por mais de 50 anos na carreira.

Assista: https://www.youtube.com/watch?v=TSgqD12njIY

Mercedez SosaLa Negra – (Argentina 1935 – 2009) – Dona de uma voz poderosa, e ao mesmo tempo suave, Mercedez cantou o melhor da música latina americana feita na América do Sul. Descendente de indígenas, desde cedo interessou-se pela música de seu país, e interpretou diversas canções folclóricas argentinas. Com o tempo foi consagrada como a “voz dos sem voz“. Suas interações com os movimentos políticos sociais da esquerda Argentina, também submetida a uma plena ditadura militar, levaram-na a ser perseguida e a exilar-se em Paris. Só retornou quando os militares saíram do poder, após a derrota contra a Inglaterra na Guerra das Malvinas.

Mercedez Sosa – La negra. (Img. Web)

A partir disso gravou com grandes nomes da música nacional e internacional. Dentre eles vários brasileiros renomados como Chico Buarque, Milton Nascimento, Gal Costa, Caetano e Gil, e outros famosos como Luciano Pavarotti, Sting, Andrea Boccelli, entre outros.

Desde o início de sua carreira, em função de suas preferências folclóricas, cantava diversas canções acompanhada de um bombo leguero, um tambor indígena, para marcar um ritmo primitivo, profundo e grave, como a sua própria voz forte e aveludada.

Mercedez foi um ícone da música popular argentina e está seguramente no panteão das musas cantoras do mundo.

Assista: https://www.youtube.com/watch?v=cNMhgC1yg_U&t=2s

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