Cultura Musical
31/01/2022 Blues - Sensível - Histórico - Preto

Blues – Sensível – Histórico – Preto.

BLUES – Música africana com as cores da América. Uma sequência histórica da Colonização, às guerras de independência e à abolição dos escravos pretos.

Editor

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Perseguindo um sequência histórica

Grã-Bretanha – Lá pelos 1780 o Império inglês ultramarino criara várias colônias de exploração no continente africano: Congo, Quênia, Egito, África do Sul entre outras. Espanhóis, entretanto já tinham chegado e trouxeram com eles escravos africanos 2 séculos antes. Estes povos foram trazidos, muitas pelo tráfico de pessoas, para a América do Norte, principalmente para a costa Oeste dos EUA, onde estavam as 13 colônias inglesas no Novo Mundo.

Ingleses, holandeses e franceses, além de espanhóis mais ao sul, disputavam territórios no continente norte-americano, desde 1500 (pelo menos). Estes acabaram influenciando e, de alguma forma também influenciados pelo contato com as diversas culturas das etnias africanas e escravizadas, que por sua vez, com o tempo, também se aproximaram e fizeram trocas culturais com os primeiros e originários habitantes locais (Sioux, Apaches, Comanches, Cheroquees etc…)

Africanos trouxeram um costume comum entre si: o de cantarem, em suas línguas nativas, enquanto trabalhavam nas lavouras e colheitas. Eram cantos de alegria, ou de tristeza, de amor e saudades pelo solo sagrado de sua terra natal, ou pela aproximação com a terra nova.

Blues - Sensível História Preta
Capa de LP de Blues – Década de 30. (Img Internet)

Cantar e dançar é, atualmente, um costume ainda presente e forte entre os diversos povos daquele continente. Uma das estruturas musicais que se fixaram nestes locais de trabalho e que depois foram transpostas para cultos religiosos cristãos nas igrejas protestantes pela aculturação destes povos foi o Blues (religioso que também originou o gospel). 

Em tese deveria funcionar mais ou menos assim: “no campo, enquanto trabalhavam, separados e cada qual em sua função, colhendo, revirando a terra, arrancando daninhas e plantando sementes, possivelmente um deles fazia uma pergunta, uma observação, um lamento, ou lançava um ‘desafio’ e outro, lá mais adiante, respondia”. Tudo de forma melódica, cadenciada, de acordo com a sensação do momento. É o que se pode imaginar e abstrair em função das pesquisas e dados.

Era uma forma de se comunicarem e, ao mesmo tempo, de se sentirem unidos em torno de algo, uma crença, o dia-a-dia, o cansaço, a dor, a alegria etc. O cantos os unia. Expressavam seus sentimentos e aliviavam suas agruras. Eram lamentos individuais, coletivos , alguns se tornavam canônicos e se repetiam durante uma estação, outros eram espontâneos, mas deveria ser todos muito marcantes.

Preenchiam as horas, os dias, sob o sol, sob a chuva, nas intempéries do inverno… Aos poucos foram incorporando aspectos harmônicos inerentes à musicalidade dos homens brancos colonizadores e também dos povos originários, condicionando-os às suas próprias inflexões melódicas, aos seus ritmos comuns, que por sua vez incorporavam os ritmos e sons da natureza, desde sempre! Uma música globalizada, ligada à terra, raiz.

Dali nasceu o Blues – religioso no sentido estrito de religação com o espírito presente, o pé descalço no chão, a dor (suor, sangue, vida e morte) e a cor local. A proximidade crescente com a harmonia musical europeia deu origem a uma ‘cadência’, uma ‘fórmula’, uma ‘simplificação’ fruto de estudos, aplicada na prática e depois na teoria, para identificar um padrão harmônico, e, portanto, melódico resultante daquelas combinações.

É sempre bom lembrar que a Música europeia (um composto de várias estruturas étnicas, e portanto, culturais: gregas, semíticas, latinas e asiáticas) desenvolveu, com o tempo, geralmente pelos monges e em grandes templos, dados e informações históricas preservadas dos antigos impérios, grego, romano, persa etc em seus monastérios,  estas estruturas de análises, normas, regras e racionalizações utilizadas para expressar tecnicamente, ou pelo conhecimento e domínio dos elementos da linguagem (leitura, escrita, domínio de um instrumento) as emoções e sentimentos do Músico, que captava na sociedade e também no seu dia a dia, os motivos para suas expressões até hoje consideradas artísticas.

Mapa dos EUA – principais locais de nascimento e florescimento do Blues (Img. Internet)

O Blues é assim criativo, porque adaptou rítmica e harmoniosamente ao mesmo tempo, à sequência das aplicações que a cultura musical europeia desenvolveu para o que, atualmente, chamamos de gênero musical, enquanto libertava da sua alma cativa, o amor, o ódio, a esperança (e esta, já aqui como uma interação à ideologia cristã), suas vontades e desejos e todos os sentimentos possíveis que emanavam de suas mentes.

Há, desde fins do século XIX divisões no Blues do Sul (Louisiana, Mississipi, Alabama, Georgia e outros estados – que teve influência francesa – swamp blues – blues dos pântanos, das plantações de algodão) e do Norte (Illinois – Chicago, Michigan, Ohio, e outros ) estados e cidades industrializados dos EUA.

Eis um blues para o Brasil (branco, português, africano – mas seguindo a estrutura musical da raiz).

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