31/01/2022 Jazz

JAZZ – Música erudita afro-americana

Pelo mesmo ‘rabo’, duas culturas, linguagens, conceitos e expressões étnicas. Música erudita europeia e Música de raízes africanas.

Redação

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O Jazz usa muito da música europeia. Segundo o conservatório musical Souza Lima Pode-se definir Música erudita como: “Sendo uma manifestação artística – portanto cultural (arte: tecné para os gregos é conhecimento, técnica e produção), – estabelecida de forma escrita mediante combinação dos sons em seus elementos primordiais – altura, duração, timbre e intensidade – capaz de exprimir o sentimento (a percepção, o conhecimento, a exploração dos sentidos) do autor-compositor.

É uma criação registrada em partitura e erudito é um ser humano capaz de ler e escrever, de entender e descrever o mundo a sua volta a partir de leituras específicas e variadas. O compositor erudito é aquele que goza não só dos recursos da escrita – técnicas –  para ativar sua criação musical, elevando o nível de comunicação musical e a precisão de suas ideias para o planejamento e desenvolvimento de sua composição, mas também de uma gama considerável de informações, dados e capacidade analítica.

JAZZ – Música erudita afro-americana.
Signos de uma partitura musical (Img. Internet)

A escrita musical é herança eclesiástica. Das neumas (elementos básicos do sistema de notação musical utilizados antes da invenção da notação de pautas de cinco linhas. A notação musical começou por surgir primeiro com a função de auxiliar a memória de quem cantava e só mais tarde se tornou cada vez mais precisa), até a consolidação da escrita, os que dominavam estas simbologias estavam atrelados a tradição da igreja católica.

Eram padres, monges, os que dominavam o conhecimento e a técnica da escrita musical e alfabética… Música erudita então é, numa simplificação, aquela realizada por músicos alfabetizados musicalmente.

Um músico erudito é aquele capaz de compor, escrever e pensar harmonicamente, dado o seu conhecimento musical (que não se separa de outros conhecimentos), sua imaginação e exercícios de inteligência (comunicação), para diversos instrumentos. Notadamente, para música de orquestra em seus diversos momentos e movimentos: instrumentos de sopro, madeira e metais, de cordas e percussão.

Seus conhecimento musicais se adequam às necessidades rítmicas, harmônicas e os resultados melódicos resultantes das combinações das notas e intervalos que usar (as sete notas e os cinco semitons – num total de 12 – o que se chamou a partir de meados do século XX de dodecafonia – de Arnold Schoenberg).

A partitura é um mapa dos seus sentimentos e resumos de conhecimentos. O Jazz, por ser a música erudita dos pretos norte-americanos é, desta forma, uma combinação histórica e cultural (um fenômeno sociocultural) deste conhecimento de música erudita, com os ritmos e as harmonizações africanos.

Quando se fala em música africana pensa-se imediatamente em ritmos, geralmente frenéticos (efeitos da mídia televisiva). Muito diferentes dos ritmos europeus aceitos pela música erudita. Mas, não é só isso. É a própria cultura das diversas tribos, etnias e regiões, dos territórios geográficos, séculos, milênios de existência. O mesmo se pode dizer das diversas tribos europeias. Então a riqueza deste caldo cultural é simplesmente enorme.

JAZZ – Música erudita afro-americana
Sessão rítmica – formação básica de jazzband com Winton Marsallis no trompete (Img. Internet)

O Jazz tem origens históricas no blues (Sul dos EUA) e nas canções gospel que os afro-americanos cristãos e aculturados utilizavam nos templos religiosos. Com o tempo surgiram várias subdivisões e estilos de Jazz.

Os músicos foram deixando o canto coral de lado (as letras religiosas do gospel ou as expressões sentimentais do blues) e focando cada vez mais em composições puramente instrumentais, exercícios de domínio da ferramenta utilizadas (o canto, a voz humana é a ferramenta musical por excelência), mas o sentido de competição pela sobrevivência (razões ‘psicosóciopoliticoseconomicas’) levou os cultores de Jazz a se exercitarem ao máximo até obterem pleno domínio do seu instrumento musical e as diferentes maneiras de com ele se expressar. Eis de onde vem os grandes mestres do estilo.

Ritmos e harmonias não lineares, baseadas no conhecimento musical e do instrumento, sessões rítmicas de improvisos e variações temáticas, aliadas à formação e considerações histórico-sociais destes indivíduos formam o substrato no qual a arte e sua expressão musical se depreende. Eis o que forma os mestres.

É melhor ouvi-los (aqui) do que ler, certo?

Para avançar no entendimento, depois é bom ouvir a Bossa Nova (Brasil – décadas de 1950 e 60), e o Choro (principalmente Pixinguinha e outros “bambas” da década anterior de 1940). Este dois movimentos músico-culturais do Brasil merecem artigos em separado, dada a sua importância musical e histórico-contextual. Calro está, também, que o “Samba pede passagem” e abre alas para o nosso Carnaval.
Por falar na maior festa popular do país, é bom lembrar que pela sua continentalidade, o Brasil tem diversas manifestações musicais-artísticas-culturais que fazem parte do Carnaval.

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