Cultura Musical
04/02/2022 A Erudita Música clássica

Música Erudita e Clássica

Orquestras – Câmaras – Quartetos – Sextetos – Octetos – Pode torcer os olhos, a boca, ou ouvidos, e negar. Mas,  ela é a maior fonte de expressão do sentimento humano a partir de um sentido: a audição.

Redação

São Paulo, 04/02 de 2022.

1 Minuto

Claro que a humanidade não se limitou a isso. Observar pássaros cantando, e ouvir o som das cachoeiras e riachos entre as árvores, das avalanches de neve, da explosão dos vulcões, por exemplo, desenvolveu um senso de admiração pelo espetáculo da natureza. O olhar captou o poder e o brilho natural destes fenômenos e pode, em reflexivos exercícios mentais evolutivos, completar o raciocínio sobre aqueles.

Consideremos também a realidade física do som – matéria – que se desloca no ar, e que, portanto, atua, como pressão, sobre os nossos ouvidos – tímpanos. A explosão de um vulcão, o trovão, o som de uma cachoeira são ‘aleatórios’ e nos causam uma sensação peculiar. Por mais que obedeçam a uma condição específica – o choque e o deslocamento no ar do som/explosão de um raio elétrico, o escoar violento das águas caindo de um fluxo em grande altura,- são desordenados para a nossa compreensão metrificada, harmonizada, já racionalizada e ordenada da Música, dos ritmos. São elementares.

Música Erudita e Clássica
Os diversos instrumentos musicais de uma orquestra (Img. internet)

A Música  clássica, ou erudita é, assim, o uso e a aplicação de recursos e estudos mentais, organização de métodos e encadeamento racional de divisões rítmicas, harmônicas, melódicas resultantes de experimentos lógicos, com uma finalidade: ordenar para produzir reações, exultar sentimentos e emoções a partir do uso calibrado de notas musicais, que são, por sua vez, sons obedientes às descobertas de leis da física, da acústica, da propagação no ar dos elementos sonoros agradavelmente organizáveis.

Domínio e compreensão de leis da natureza, dos fenômenos naturais à disposição da ‘espiritualidade’ do complexo emocional – psíquico – neurológico humano. Fala-se de Pitágoras. Um filósofo – pensador, físico e matemático grego que estendeu uma corda e a dividiu em 5 partes de tamanhos diferentes, e de cada uma destas partes extraiu um som – uma vibração provocada a partir de pressão de seus dedos. E, a cada uma destas vibrações deu um nome, após perceber que eram maiores e menores, agudas e graves, rápidas ou lentas. Intensidade, altura e duração no tempo destas vibrações causadas pelo tamanho de cada espaço da corda. Daí, criou-se uma escala, chamada de pentatônica, porque apresentava 5 (penta – em grego) tons diferentes.

Música não é o instrumento

É o que diz a História da Música, que se mistura com a da Filosofia, da Física e da Matemática. E ela segue além, evoluindo junto com as descobertas humanas e suas invenções. Com o tempo, o salto histórico e evolutivo nos apresentou mais 2 notas, ou 2 tons. Outros ouvidos, possivelmente, não apenas baseado nos sons naturais e talvez já frutos da invenção e do gênio humanos, em avanço constante, as trouxeram à nossa realidade sonora tangível, ou foi apenas  a sutil captação de outros fenômenos não ocorrentes no geoespaço pitagórico? (aqui eu apenas especulo.)

Um especialistas poderá nos dizer, com acuidade (estamos falando de sons) e coerência  sobre quais foram aquelas cinco notas iniciais e as outras duas que se seguiram a elas. Às dó, ré, mi, fá, sol, lá,  si também foram introduzidas novas tonalidades, ou como dizem semitons – novos intervalos de intensidade, altura e duração que foram medidos com precisão por instrumentos da física em sua modalidade “Acústica” – um aprofundamento no conhecimento da natureza e suas leis, uma perseguição que data já de séculos.

Desta perseguição, desta necessidade de entendimento se desenvolveram os usos, a produção diversificada de notação musical (escrita – partitura), de instrumentos, populares ou não (cordas, sopros, percussão) para estudos e mostras, com ritmos, vozes, cantores, grupos musicais, orquestras, estilos e/ou gêneros discos, CDs, DVDs, streaming, e a tudo isso se somaram poesia, literatura, teatro, cinema, terapias etc. Enfim, pode-se localizar a Música em quase tudo que o ser humano produz, vê ou sonha.

E quanto mais destes elementos são considerados e usados para construir um expressão harmônica capaz de produzir, no ouvido e na alma senciente que a ouve, e também em quem a executa, uma reação qualquer de alegria, tristeza, melancolia, estupefação, elevação ou alterações em seu estado de consciência natural, mais ela se aproxima da música Clássica ou Erudita. Exatamente porque resulta de estudos sérios, aprofundados e constantes sobre os elementos que lhes conferem tais atributos.

Assim, a Música erudita vai além de si mesma. Física, Matemática, História, Filosofia, Sociologia e claro, harmonia, ritmo, contraponto, orquestração, instrumentação, composição, arranjos, análises e formulações dotadas estruturalmente de leis, regras e sempre, rebeldia para buscar novos horizontes viáveis. Um músico erudito pode ser uma besta ou uma fera – depende do que ele quer fazer e alcançar com seu conhecimento: para o bem ou para o mal da humanidade.

Lembrei de uma frase bacana: “Olhai os lírios de campo. Não tecem nem fiam,  mas nem Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu como um deles!”

Na verdade, a Música, qualquer que seja ela é capaz de nos levar a isto – entender a beleza e a simplicidade da vida, como estações supremas de nossa existência terrena!

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