Cultura Musical
15/09/2022 Rock In Rio 2022.

Rock In Rio 2022.

Entretenimento, marketing e negócios com Música.

O Editor

São Paulo, 15 de setembro de 2022.

3 Minutos

Em 1969 eu tinha 9 anos de idade e aconteceu o festival de Woodstock, nos EUA . Como criança não entendi a magnitude do evento. Era o movimento hippie – paz e amor, flower power, a afirmação de tendências políticas e sociais, e a Música estava como a ferramenta sagrada que uniria corações e mentes das pessoas, em sua maioria jovens, em torno de uma nova consciência contra as guerras.

Principalmente, a do Vietnã (link) que já tinha custado um fortuna aos cofres públicos, e muito pior, a vida de mais de 250 mil soldados norte-americanos. Um buraco enorme e muita dor se abriria na vida do país. As populações menos abastadas tiveram que arcar com o saldo destrutivo que arruinou milhares de famílias – veja hearts on mind doc. A contracultura ganhou o mundo.

Um ano antes, em 1968 e um depois, em 1970 aconteceram outros dois grandes concertos musicais na Ilha de Wight – Inglaterra Todos com conotações sócio-políticas e anti-guerras. Celebração de paz com muita Música e Poesia ergueram bandeiras que reforçaram mudanças comportamentais: estilo de vida, moda de vestuário, reações estéticas e crítica ao sistema. De fato, causaram enorme influência no modo de vida dos países no Ocidente, e também no resto do mundo, sentidas e mantidas até hoje.

Grandes nomes surgiram e se afirmaram na cena cultural cultura pop após estes festivais. Bob Dilan, Rolling Stones, Jimy Hendrix, Janis Joplin, Carlos Santana, Joe Cocker, além de bandas e músicos talentosos que construíram carreiras sólidas, ao agrado de públicos diversos. Inclusive brasileiros, como Caetano Veloso esteve na Ilha.

Rock In Rio 2022.
Bem mais de 300 mil pessoas lotaram e frequentaram os 7 dias do Rock in Rio, na cidade do Rock. (Img Web)

Desta efervescência cultural surgiram grupos de rock and roll, folk music, blues, rock progressivo (o mais próximo da música erudita europeia), grandes bandas do rock de arena; o fusion (jazz-rock) e dali derivações de estilos como hard rock, metal rock, punk rock, trash rock, glitter rock, pop rock etc… Todos, de alguma forma, já adaptados ao mercado fonográfico dirigidos por grandes companhias e interesses capitalistas. Dava-se um salto acompanhando a indústria da tecnologia.

Fábricas de LPs, estúdios, instrumentos e unidades móveis montadas para grandes palcos, luzes, equipes de trabalhadores, técnicos e engenheiros de som, de iluminação, montadores só para ficar no básico. Tudo para proporcionar uma experiência auditiva, visual e sensorial de grande impacto no público. Estes primeiros grandes festivais foram todos gratuitos.

Big Business

Essa movimentação toda tinha um custo e as bandas, empresários e organizadores perceberam a força e o apelo do esquema. Hora de profissionalizar. Cobrar ingressos na entrada, vender bebidas, camisetas e ‘outras coisinhas’; gravar os shows, gerar vídeos e Long Plays, contratos básicos com as mídias disponíveis para propagandear e atrair diferentes ‘nichos’ sociais, tudo para poder custear a temporada.

Quanto mais e melhor organizada estivesse a festa, maior seriam o público e a arrecadação. A paz e o amor, o poder das flores e os aspectos sociopolíticos de manifestação organizada contra o sistema se perdeu. A administração e os promotores de eventos entraram na cena e ditaram as novas regras – 1984 George Orwell. Isto é negócio. Ou dá dinheiro ou não existe, não acontece. Claro, elitizou.

Poucos sobreviveram. Mas, o que ficou manteve na raiz um quê de protesto, de indignação, de rebeldia que exala na poesia, na estética visual, sonora e provocante dos atuais atores do enorme palco mundial. O sistema se mantém em movimento e soube aproveitar a deixa histórica das muralhas de Jericó, quando as trombetas soaram por dias numa ação política, de guerra, de interesses não necessariamente de paz ou harmonia. Mas, também de oposição aos regimes duros, ditatoriais que apregoam a violência, a corrupção e às falsas noções de liberdade e patriotismo.

Evolutivamente, temos as grandes bandas dos anos 70 e 80 (nos EUA e Inglaterra), período considerado o mais criativo pós Beatles, ao que se seguiram as bandas techno dos anos 90 (entranhadas no ‘movimento’ Yuppies de NY – sexo, cartão de crédito, shopping e roupas de grife – link).

Das bandas vale a pena citar alguns nomes: – Pink Floyd (atenção ao Roger Waters), Genesis, Yes (atenção ao Rick Wakeman), Depp Purple, Led Zepellin, ELP, Jetro Thull, The Who, Elton John (todos britânicos), por exemplo e que alcançaram enorme sucesso. O Black Sabbath e o Iron Maiden quebraram o padrão porque vieram de nichos operários não elitizados, como os universitários. Um menção especial deve ser feita aos Rolling Stones, há mais de 5 décadas na estrada. Uma empresa musical bem estruturada.

Do lado de cá do Oceano Atlântico, nos EUA podemos citar: Frank Zappa and the Mothers of Invention (o mais complexo e completo dentre todos), Kansas, Gentle Giants, Journey, Aerosmith, Motorhead, Kiss, Dream Theatre, Ramones, Elvis Presley, Simon and Garfunkel e muitos outros músicos e cantor(a)es espetaculares que misturaram suas tendências e estilos com o Jazz, o Soul e o Blues de origem afro americana e tornaram-se ‘pops’: Marvin Gaye, Comodors, Earth-Wind and Fire, Michael Jackson (ver em específico Quince Jones, Chick Corea, Herbie Hangcok, Ray Charles, Miles Davies)… São muitos!

No Brasil tivemos várias bandas e artistas famosos que aderiram à música de protesto, muito por conta da ditadura militar de 1964. Quem se lembra dos Mutantes, do Terço, Humauaca, Novos Baianos, Gilberto Gil, Chico Buarque (talvez o único que se manteve na linha tradicional da musica popular brasileira), Raul Seixas, Belchior entre tantos outros? Embora aderissem aos elementos e instrumentos comuns ao rock, estavam francamente em oposição à música ‘comercialóide’ do ye-ye-ye e da tal Jovem Guarda. Aliás, estes guardavam o que exatamente?

Já partir de 1985 começa a sequência Rock in Rio, uma marca comercial-empresarial que já correu a Europa e EUA trazendo músicos e seus trabalhos autorais de estilos variados. De Rock, na verdade, tem muito pouco… Mas, movimenta muita gente e muita grana, e no mundo dos negócios é só isso que importa. A Música, mais uma vez, recolhe-se a insignificante qualidade de ferramenta! Para entender melhor é bom ler sobre a Indústria Cultural. (link)

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