Cultura Musical
05/12/2023 O Guarani

O Guarani

O Guarani – de José de Alencar e Carlos Gomes. Livro – Ópera – Música

Um jovem índio da etnia dos Guarani (Peri), uma jovem portuguesa (Ceci), filha do dono de pequena sesmaria, um espanhol de olho em tudo atrás do poder. Uma luta entre tribos naturais do Brasil (Aimorés x Guarani) a selva, os rios, os animais (a onça), e toda a força da natureza se encontram em um drama romântico,

A visão/leitura/escrita do escritor José de Alencar, que a academia assentou nos degraus do Romantismo, de acordo com as classificações literárias de época, gênero e estilo. Na falta de crítica melhor, lado a lado com escritores europeus, épico, dramático, alquimia textual com os elementos crus à mão. O herói, a honra, a altivez, a coragem, a força e a inteligência brutas, como os semideuses gregos e romanos. Europeísmo ou a natureza humana?

Valores como família, conquista, pureza, e seus contrastes e oposições são carregados pela aventura na correnteza do tempo rápido,  na luta feroz e até hoje cruel, contra as forças virgens e ainda intocadas pelo branco invasor do Brasil colonial. José de Alencar mergulha no tempo, no seu tempo passado, e coloca em cena retratos do presente. Realismo? Antevisão!

O Guarani
3 numa intersecção natural brasiliana. (Img. Web)

No palco as cenas da ópera de Carlos Gomes, canta as figuras e seus movimentos coreografados, no desejado no teatro de Milão. Todos os grandes passaram por ali. Maestros, compositores, músicos de primeira linha.

As influências italianas e alemãs no traçado musical do Guarani são flagrantes. Eram também românticos, e estavam, assim classificados, na mesma linha de tempo histórico – dialética das artes – uma reposta academicista pelo domínio do tempo, metafísico. Espelhando a espiral evolutiva. Um exercício de fusão.

O libreto dava – poema, prosaico – as falas aos cantores e suas vozes líricas. Os homens baixos, barítonos, tenores. As mulheres soprano, mezzo e contralto. Todos com variações, tratos e tessituras ressoantes do uso treinado das pregas vocais. Dobras de carne e nervos, irrigados de sangue. Distendidas da mínima à máxima contratura na passagem de ar. Instrumento natural. Ferramenta de encanto. Emoção e força diafragmática. A educação, a busca e a captura pelos sentidos.

Era muita a pretensão dos povos colonizados? Querer atingir a beleza, o grau de arte – ciência, competência dos semideuses europeus? Já ultrapassamos. Musicalmente alguns nomes estão lá na frente: Villa Lobos, Guerra Peixe, Radamés Gnatalli, João Gilberto, Tom Jobim, Hermeto Pascoal,
Egberto Gismonti, Milton Nascimento...

Na grande literatura: Machado de Assis, Lima Barreto, Mario de Andrade, Guimarães Rosa, João Cabral de Melo Neto. Tantos! Tanta beleza!

Vivam todos os Guarani, todos os Tupi, fixadas na terra, mente e corações de todos os brasileiros. Cantem e dancem na terra do sol com deus e o diabo. Mas, vivam, cantem e dancem pelo bem! Pela Vida.

Um índio
https://www.youtube.com/watch?v=MpdP5G3cpSo

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