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Caminhos da Música

Caminhos da Música
A opção por ser Músico é como a de qualquer outro interessado na Arte e na Cultura. Estudar, praticar e com o tempo encontrar a satisfação de estar onde está com os recursos que tem, sem esquecer em qual caminho foi forjado.

Sou um apreciador da Música. Já estudei um pouco de piano, toquei bateria, fiz percussão, cantei…Nada muito sério. A expectativa de tornar-me um artista musical, Músico profissional teve um quê de aventura adolescente. Junto com amigos e familiares formar uma banda, sair por aí tocando e conhecendo lugares e pessoas. Alguns conseguiram. Eu fui até a página 4.

Tornaram-se músicos, ou professores, viajaram, tocaram gravaram, lecionaram em diversas cidades do país e até do mundo. Outros ficaram pelo caminho, mudaram de posição e foram na direção de formação, empregos e trabalhos. Muitos também já se foram deste planeta. Muitos continuam escrevendo as partituras de sua existência. Compondo suas melodias.

O fato é que naquela época ser músico demandava muitos esforços e condições especiais. Primeiro: se fosse de família pobre, como em tudo, as dificuldades se multiplicavam. Dentro de casa o preconceito se traduzia pela necessidade de trabalhar e trazer dinheiro e recursos para a família. Sendo músico isso se reduzia a quase zero por cento de chances.

Assim, o neófito era normalmente encaminhado para os setores básicos da economia. Serviços, comércio ou indústria. Trabalhar desde cedo para ajudar em casa. Acredito que esta situação mudou pouco e, atualmente, permanece sendo uma tônica, mas não necessariamente uma dominante.

Músico, musicista, instrumentista

Músico é vagabundo“. A fábula da formiga e da cigarra reforçam esta imagem. De paradoxo e paradigma ela tem tudo. Só dava para seguir carreira de músico, com excelentes chances de tornar-se famoso, de obter sucesso, se tivesse suporte. Isso se traduzia assim: desde a possibilidade de adquirir um bom instrumento, até um bom professor ou escola, e ter uma lugar na casa para estudar e praticar sem perturbar os outros – família local e vizinhos. Ah, se seu pai ou mãe fossem da área já ajudava bastante.

Ter um lugar para estudar e ensaiar era, é e será sempre fundamental. Um estúdio. Se puder gravar os ensaios então, muito melhor. Lá se reúnem os ‘amigos’, porque os músicos geralmente os têm muitos. Além dos outros instrumentistas, claro. Isso forma uma espécie de comunidade, e as pessoas envolvidas juntam-se em torno de objetivos comuns. Jovens rapazes e moças, seus instrumentos, seus sonhos, a sensibilidade, arte e poesia… Harmonia! E muita encrenca também…

Caminhos da Música
Desde a antiguidade clássica, Grécia, Roma, Egito, Índia, China – as mais antigas tradições eram musicais. (Img. Web)

A outra condição para ser um músico dos bons é o talento, o dom… Criatividade. Já que não é rico, não tem pais nem família de bens, tem de se virar se quiser chegar nalgum lugar. Alguns chegam, bem poucos, claro, mas sobem aos palcos, soltam a voz ou fazem a galera audiente vibrar com seus acordes, suas notas, a qualidade timbrística de seus
instrumentos.

A Musa e os imitadores

Eles botam os ouvintes para dançar, ou meditar com seu ritmo. São geralmente estes que a vida espremeu, tentando tirar-lhes a alegria, a beleza que conseguem chegar com sacrifícios. Acabam se tornando exemplos para muitos que decidem cair na estrada (um jargão da minha época!) e buscar o sonho. Claro que exemplos desta superação não são só de e para músicos. Aplicam-se a toda e qualquer condição humana. Entretanto, ser de família de bens facilita muito. Inclusive com a possibilidade de trocar de caminho. Recursos servem para isso: suporte e diversidade de opções.

São opções e escolhas. Contudo, quem nasceu para a Música, para merecer a estrela, com brilho natural, não tem estes percalços. Nada vai tirá-lo do caminho. Morrerá nele, se for o caso, mas é incontornável. Euterpe é uma dama exigente. Caprichosa, atenta ao seu tempo e cobra seu preço. Ao ser tocado por ela é um crime não de dedicar.

MAs, existem os falsários. Os novos totens do mercado comercial de entretenimento. A turma da apelação que se autodesigna “artista”. Para estes o caminho parece mais fácil hoje, graças a tecnologia. Um aparelho eletrônico, um fone de ouvido, fonte de eletricidade disponível, um cantinho, que antes era do violão, e amigos na rede. Aperta uns botões, faz algumas extravagâncias para chamar a atenção, grava e aparece. Com a língua para fora, como se fosse um rolling stone.

Não causam a menor diferença na Arte

Portanto, aparecer com alguma coisa é a deixa. Não necessária e verdadeiramente nova, revolucionária. Basta ser normal, natural – o que atualmente quer dizer diferente. E cai na rede, como todos os peixes, e aparece. É visto. Chamar a atenção é um fundamento. Muito mais do que as redes que sempre existiram. Só não eram tão acessíveis e rápidas de costurar como são hoje.

Entretanto, no mercado do entretenimento quem pode pagar mais não precisa ter talento, passar horas, dias, meses e anos estudando, praticando. Essas são condições essenciais que o dinheiro não compra, mas que reserva um lugar, ainda que temporário (tempo suficiente para recuperar, no mínimo o investimento) e deixar a mamãe feliz!

Porém, se além do dinheiro, dos recursos materiais disponíveis a pessoa tiver o talento, o gênio interior, a luz que a musa irradia, parabéns. Soube aproveitar e não desperdiçar recursos. Mas, cá entre nós, àquele que só dispunha de si, e ainda assim cresceu e se firmou, malgrado todas as condições contrárias e a dureza do caminho, este merece
a coroa de louros, ou as batatas. Ainda bem que são muitos. A história saberá lhes fazer justiça.

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