Quase concomitante ao Toronto Jazz Festival (música ao vivo nas ruas da cidade) encerrado em 3 de julho passado, no Sábado, 9 de julho de 2022, também assistimos um evento programado: o show do ex-Pink Floyd: Roger Waters.
Eusiel Rego
Toronto, CA – 10 de Julho de 2022.
O conhecido contrabaixista Roger Waters, amigo de Lula (https://twitter.com/i/status/1261062088325312512) esteve em Toronto e o seu show ocorreu no ScothiaBank Arena, centro da cidade.
Eu já havia assistido um show dele pela Netflix 2018 (Us + Them), quase o “mesmo” show (https://www.youtube.com/watch?v=O7w765-TbjY) e fiquei bem impressionado. Neste sábado confirmei ser Roger Waters o verdadeiro espírito musical e intelectual do Pink Floyd, autor de quase todas as grandes músicas da banda.
Abertamente engajado, responsável e consciente e inclusive bastante visado pelos extremismos da direita mundial, Waters é ainda um representante (roqueiro do melhor estilo) musical dos nossos inquietos anos 60-70. O show (This is not a drill) mostrou ser um resgate e simultaneamente uma denúncia ao mundo atual, sobre suas perversas e opressoras condições. Em um dos audiovisuais mostrados sob controle de altíssima tecnologia multimídia, ele disponibilizou, por exemplo, uma sequência de imagens dos últimos presidentes dos USA, de Reagan a Biden, ao todo 7 nomes.

TODOS, conforme sua abordagem, responsáveis por crimes contra a humanidade nos últimos 50 anos. Em uma das cenas iniciais aparece o nome de Marielle Franco em letras garrafais, entre outros nomes vítimas de extermínio).
Agora ao show (impossível narrar, descrever, só comentar): apenas mostrar algumas poucas imagens e vídeos que gravamos (baixa resolução) ficam muito longe das nossas impressões ao vivo. Sabe como é, é como tentar descrever o sabor de alguma fruta, portanto impossível. E quem providenciou isso foi a minha companheira Gisele, que tomou a iniciativa dos ingressos e ajeitou cuidadosamente tudo há dois meses (Thanks A lot!).
Posso dizer que assistimos aqui em Toronto o verdadeiro Pink Floyd (que se não tem mais o nome comercial, ou melhor, nome que parece pertencer hoje a dois dos antigos componentes da banda) histórico e fica impossível dizer “apenas” que se trata de Roger Waters e sua banda).
Aliás, um show permeado com todas as referências ao seu criador: Cyd Barret – o fundador efetivo da ideia – que infelizmente fez uma viagem (o tema Shine on, you crazy diamond) sem volta, regada a LSD e faleceu em 2006. Um show magnífico em tecnologia e música juntas – uma banda com excelentes músicos e completamente à altura histórica do PinkFloyd.
Um resgate magistral à história que abarca nossa geração, especialmente esta dos anos 60-70 – porém, havia muitos jovens das novas gerações no show deste sábado -, dos psicodélicos anos de nossa juventude total e ainda ‘nóis’, seres viventes e sonhadores submersos em um Brasil repressivo e militarizado, infelizmente sendo revivido nos dias de hoje.
A Mensagem, para além dos sons e das cores e movimentos para mim foi: – Olhem, aquilo pelo QUÊ lutamos ainda está por ser conquistado. D’ont Give UP! Nós ainda Estamos Aí! …
Ah!, claro, excepcional a abordagem contemporânea do The Wall. E eu que pensei que aquilo tudo estivesse acabado no tempo, terminado , um registro só na memória … Estávamos iludidos, submersos na ignorância acerca de nós mesmos. Que bom! O “velho” rock Progressivo de Pink Floyd e Waters-Barret têm o mesmo ideal, a mesma história, o mesmo fio condutor.
Quiçá outros (fios) voltem e apareçam enquanto há tempo e ‘venham nos restituir a glória‘ (Yes, Milton, Gil). Ouvi boatos que este show excepcional pode rolar no Brasil. Tomara, e que seja esta a grande oportunidade de VER e OUVIR o verdadeiro Pink Floyd ao vivo, a genialidade crítica e ácida, quase lisérgica e consciente de Roger Waters! Tomara! Tomara mesmo! Uma SOMZEIRA multimídia como eu nunca havia ouvido.
O Show This is not a drill em Toronto, gravado no dia 7/7, pode se visto neste link com uma qualidade que deixa a desejar, mas aceitável. – https://www.youtube.com/watch?v=DGV6GdRJ2TU